Foi em Setúbal que a SIMARSUL iniciou a sua atividade em dezembro de 2004

Setúbal que viu nascer a SIMARSUL encerra Ciclo de Conferências dos 20 anos. É essencial envolver a comunidade nas reflexões em torno das matérias da água. Estado das massas de água com balanço claramente positivo. Foi em Setúbal que a SIMARSUL começou.

“Foi em Setúbal que a SIMARSUL começou, aqui, teve a sua primeira sede, e, aqui, em Setúbal, encerramos, o Ciclo de Conferências, que assinalam os 20 anos da SIMARSUL”, salientou José Sardinha, Vice-Presidente da Águas de Portugal, que, igualmente, recordou “foi em dezembro de 2004 que a SIMARSUL iniciou a sua atividade”.

 

Temos que planear com mais antecedência

No dia 5 de dezembro, a SIMARSUL realizou a oitava e última sessão do ciclo de Conferências comemorativa dos seus 20 anos, na Casa da Baía de Setúbal, em parceria com o Município e os Serviços Municipalizados de Setúbal.

A Conferência tendo como tema: “Economia Verde: desafios e oportunidades para o território”, encerrou o ciclo de conferência que percorreu os 8 municípios da Península de Setúbal que integram a SIMARSUL, uma iniciativa promovida em parcerias com os municípios e que, ao longo do ano, envolveu diversas entidades, ao nível empresarial, académico, municípios e institucional. Foram dezenas de oradores, de técnicos a políticos, de investigadores a gestores empresarias.

Um ciclo de conferências que proporcionou um amplo balanço das atividades realizadas pela SIMARSUL ao longo de 20 anos, como sublinhou Francisco Narciso, Presidente do Conselho de Administração da SIMARSUL, estas conferências, realizadas em cada um dos municípios, em contactos com os parceiros e, muito em particular com as populações, não foram apenas para falar do percurso da SIMARSUL, nem para fazer o balanço a onde chegámos, mas foi também, e, principalmente, como contribuirmos para um futuro melhor e mais sustentável para o território.

Francisco Narciso, referiu que os debates e reflexões em torno das matérias das águas, ainda são iniciativas realizadas em circuito fechado, dentro do sector, sendo essencial envolver a comunidade e alargar o debate, porque perante os impactos das alterações climáticas, como aconteceu em Valência, ou, no Funchal, temos que nos preparar e pensar a muito longo prazo, porque nos dias de hoje, colocar uma obra no terreno, envolve muitas valências, significando que temos que planear com mais antecedência, e, perante a dimensão dos desafios que temos, só mesmo com parcerias os resolvemos, da forma mais eficaz e mais eficiente – “tal como no passado o diálogo e as parcerias alargadas são cada vez mais indispensáveis para o futuro, assim como comunidades mais informadas”, disse.

“Este é um território que tem que olhar para a segurança hídrica”, salientou, ainda, na sua intervenção.

 

Garantir este projeto reconhecido em termos mundiais

Recordou, o importante desafio que está pela frente no sentido de serem tomadas medidas de preservação do enorme parque de infraestruturas – “preservar o que já construímos, mas sempre com uma visão de apoiar decisões futuras, e garantir que perdure este projeto reconhecido em termos mundiais”.

“Fazemos parte de uma história que muito contribuiu para alterar o panorama do desempenho ambiental no nosso país e estamos comprometidos com o futuro, acelerando a economia circular da água, ação pelo clima, com o nosso propósito de fazer a diferença na vida das pessoas.

 

SIMARSUL pública e profundamente ligada ao território

André Martins, presidente da Câmara Municipal de Setúbal, recordou que a partir de dezembro de 2022, o município regressou à SIMARSUL, estando agora a recuperar atrasos do passado – “uma recuperação que passa por um ambicioso plano de investimentos, de recuperação de infraestruturas, na aposta na manutenção preventiva e na adoção das melhores e mais modernas práticas de operação do sistema de saneamento”, recuperando atrasos e projetando futuro.  

O edil defendeu que a SIMARSUL deve afirmar-se como entidade pública, ligada ao território e às atividades económicas.

 

Despoluição do estuário do Rio Tejo

Catarina Oliveira, Administradora da Águas de Portugal, salientou o papel da SIMARSUL, ao longo de 20 anos, no desenvolvimento da região, que, com apoio de fundos comunitários aumentou a população servida com os serviços de águas residuais.

Valorizou o importante impacto da atividade da SIMARSUL na despoluição do estuário do Rio Tejo.

“O futuro passa por continuar a responder aos desafios societais, com ambição e responsabilidade”, disse, recordando que um dos maiores desafios da sociedade atual é a resposta aos impactos das alterações climáticas.

 

Municípios antes da SIMARSUL cooperaram entre si

Na abertura da Mesa Redonda, José Sardinha, vice-presidente das Águas de Portugal, que moderou os trabalhos, começou recordar que as duas décadas da SIMARSUL foram marcadas por um sucesso que não tem paralelo em Portugal, numa região com grandes centros urbanos, há grandes centros industriais, atividade piscatória, a agricultura, a cortiça, a atividade turística, ou a atividade aeroportuária, que vem para esta zona – “e para todas estas atividades é necessário água, água em quantidade e com a necessária sustentabilidade”. 

Referiu o papel dos municípios que, mesmo antes da SIMARSUL souberam cooperar entre si e desenvolver esforços conjuntos nomeadamente a projeção e construção de ETAR, como os casos do Barreiro e Moita, de Sesimbra, Seixal e Setúbal.

 

Estado das massas de água balanço é claramente positivo

Rui Sequeira, Administrador da Região Hidrográfica do Alentejo da APA – Agência Portuguesa do Ambiente, na sua intervenção salientou a situação das bacias hidrográficas da região, apresentando dados sobre o estado das massas de água, nos dois últimos ciclos de planeamento – 2010 – 2015; 2016-2021, e, 2022- 2027, que está a decorrer.

Sublinhou o estado de três massas de água, uma que ainda não está “como nós gostaríamos”, porque está “com estado global inferior a bom”, que são as linhas de água da Ribeira da Marateca, para onde fluem afluentes de Palmela.

A massa de água costeira, que abrange as praias de Sesimbra e Setúbal – que tem melhorado cada vez mais, e neste momento o seu estado global é bom e superior, situação que se reflete na excelente qualidade da água das zonas balneares dos dois concelhos. Abrange a ETAR de Sesimbra.

A outra massa de água, são as zonas de transição, as zonas de estuário, que estão com estado global bom e superior, são a ETAR de Setúbal e da Gâmbia.

O balanço é claramente positivo, com níveis bom e superior, sendo um bom exemplo do trabalho que tem vindo a ser feito, fruto das parcerias cooperação institucional, de municípios, empresas e SIMARSUL, como grande dinamizador. Elaborando-se protocolos que servem de modelo para outras zonas do país.

 

Projetos de despoluição do Rio Tejo estimados em 700 milhões de euros

Nuno Brôco, Presidente executivo do Conselho de Administração da Águas Tejo Atlântico, sublinhou que a SIMARSUL ao longo de 20 anos tem obra feita, todos os indicadores demonstram isso, tem um modelo desenvolvido com parcerias e tem construído muito capital humano, havia em 2004, muitos jovens saídos da universidade, que, hoje, são colegas na SIMARSUL e noutras funções, é uma obra humana.

Quanto às relações entre a SIMARSUL e a Águas do Tejo Atlântico, são duas empresas irmãs, que sempre souberam colaborar, sempre perceberam que o Rio Tejo – “é um rio que nos une e não separa as duas margens”, essa colaboração permite que nos dias de hoje, esse seja um rio onde é possível pescar, nadar, fazer remo ou vela – “a cidade de Lisboa voltou-se para o rio, devemos por isso estar orgulhosos daquilo que foi feito”, recordou que o Rio Tejo, em nada se compara com o estado do Rio Tamisa, em Londres, ou, o Rio Sena, em Paris.

Sublinhou que a SIMARSUL e a Águas Tejo Atlântico são empresas associadas em diversos projetos, por exemplo ao nível da monitorização, acrescentado que esta relação vai para além das duas empresas, estabelecendo pontes com os municípios.

Recordou que os valores de investimentos, feitos em projetos de despoluição do Rio Tejo, estão estimados em 700 milhões de euros, sempre focados na procura de solução e não nos problemas. A finalizar, referiu a colaboração com as empresas industriais e o contributo da sociedade civil, que reclamam, sugerem, “são nossos agentes no terreno”. 

 

SIMARSUL quis sempre fazer parte da solução

Carla Cupido, da AdP Valor - Águas de Portugal, recordou que em todos os contactos que fez para preparar a sua participação nesta sessão, em todas as pessoas encontrou uma resposta – “foram pioneiros em, foram dos primeiros, foram os únicos”, e, tudo isto demonstra a proatividade que a SIMARSUL sempre apresentou e a visão estratégica para a resolução de problemas, uma visão e estratégia que foi replicada no Grupo Águas de Portugal para a resolução de problemas comuns.

Salientou que foi a primeira empresa do país a ter a sua ACA- Atividade Complementar e Acessória, que surgiu em 2005, para resolver problemas fora do modelo económico da concessão, neste caso para resolver o problema das queijarias de Azeitão – “a SIMARSUL quis sempre fazer parte da solução e resolver os problemas”.

 

Necessário olhar para os 50 anos desde o 25 de abril.

Paulo Piteira, Diretor Delegado dos SMS - Serviços Municipalizados de Setúbal, recordou que ao longo dos anos foi impossível a participação nas atividades da SIMARSUL, só passando a ser possível a partir de 2022 – “por isso não foi possível tirar todo o partido que gostaríamos de ter tirado com uma ligação mais profundada à SIMARSUL”. 

Por outro lado, recordou que não é possível olhar para as questões de saneamento na Península de Setúbal, sem olharmos um pouco mais para trás que os 20 anos da SIMARSUL, sendo necessário olhar para os 50 anos desde o 25 de abril.

Salientou que a realidade de há 50 anos era muito diferente, a taxa de cobertura ao nível de saneamento é incomparável, e, há 30 anos o Poder Local teve uma responsabilidade enorme no estender as infraestruturas, foi o investimento do Poder Local que alterou a situação nas redes e projetou os sistemas.

Quanto ao futuro, referiu pela experiência de Setúbal - ficou claro a superioridade da solução da gestão pública sobre a gestão privada – “é hoje evidente quando se olha para a infraestrutura existente, que ela carece de um investimento que durante anos foi adiado, e agora tem que ser feito para dar resposta aos desafios de presente e também do futuro”.

“A solução pública vai trazer-nos uma realidade diferente no futuro. É essa a expectativa.”, afirmou.

 

Sistema de reutilização de água essencial para projetos

Luís Cruz, Administrador da SAPEC – Parques Industriais, começou por salientar que a palavra chave “é cooperar, porque é isso qua faz andar as coisas”. Recordou que o Parque Industrial tem 34 empresas em laboração, algumas complementares entre si, com diversos projetos em carteira e outros em instalação.

Salientou que a relação, entre o Parque Empresarial, o SMS e a SIMARSUL, com vista a atualização dos espaços, abriu um leque diferente – “ se não fosse isso há projetos que têm batido à porta e que de certeza já se tinham ido embora”.

Recordou que a rede interna é gerida por conta dos proprietários, e, existe uma relação direta com o concessionário, com base num protocolo, com cada uma das empresas – “mas há muita coisa por fazer”.

Por fim sublinhou a importância do projeto que está em análise com o SMS e a SIMARSUL sobre o sistema de reutilização de água, sendo essencial para projetos de referência que podem vir a ser instalados no Parque Empresarial – “estamos no bom caminho”.

 

Valorizar a economia circular

Na segunda ronda de intervenções, foi dado relevo, à ApR – água para reutilização, considerado um grande desafio, e que esta deve ser uma bandeira, assim como a valorização das lamas produzidas pelas ETAR introduzindo-as na economia circular, quer ao nível energético, ou como recurso bio-fertilizante, igualmente, destacou-se a urgência na digitalização, uma área onde é necessário ser mais ágil.

 

Reportagem completa com a intervenção de Francisco Narciso: (A disponibilizar)

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